O canto literário dos TUGAS de Mérida

Caros amigos cá temos os toques literários dos nossos Tugas:


O nosso rio bilingue.
Talvez um dos primeiros sons que ouvi na minha vida fosse o murmúrio do rio crescido depois de fortes chuvas. A minha mãe contou-me que o Guadiana saltou as margens quando eu nascí naquele dia de Dezembro.
Quando era criança, ia até à Ponte Romana e olhava com fascínio aquelas águas turbulentas, aquelas ondas, por vezes doiradas pelos raios do sol, que corriam apressadas. não sabia para onde.
Iam, agora, sei, a caminho de Portugal...
Sim, agora sei que o Guadiana também fala português.
Nem podia imaginar que um dia eu viria a estudar a língua de Camões.
Esta ponte, símbolo de união e acariciada pelo Guadiana, leva para a Escola de Línguas, que neste ano faz 20 primaveras!
Por: Coral Garrido Blanco

A beleza escondida desta língua.
Há palavras que nos deliciam quando são ditas. Sabem bem na boca:
Orvalho, janela, papoila, borboleta, liberdade...
Algumas, escrevendo-se igual, soam melhor na língua lusa:
luz natural, água fresca, lindo rapaz, paraíso, amo-te...
Tartaruga parece mais lenta, o ar mais leve, o chumbo mais pesado.
Curioso. Cada palavra corresponde a um sentimento e, por vezes na minha língua vernácula não consigo encontrar o termo apropriado, a palavra certa. Surge então o idioma de Camões.
Não consigo dizer saudade em espanhol ou afogar as mágoas.
Dizer "Gosto de ti, gosto imenso de ti" é lindo, não é?
Se eu saborear uma palavra por dia, e se cada palavra me levar a outra ainda mais bonita... eu imaginarei mil e um pensamentos novos, sentirei mil e um sentimentos novos... Então saberei que estou viva.
Dizer que, para mim, as palavras são o sangue da vida. Por isso, não posso viver sem elas.
Por: Coral Garrido Blanco